Timur Ivanov, responsável por projetos de construção militares, foi detido a 23 de abril e acusado de aceitar subornos em grande escala.

Após a audiência no Tribunal Municipal de Moscovo, as agências noticiosas russas indicaram que o seu advogado, Murad Musayev, afirmou que o caso envolvia acusações relacionadas com cerca de mil milhões de rublos (10,2 milhões de euros) e que Ivanov fora suspenso das suas funções.

Mais dois homens foram detidos no âmbito deste processo.

É raro um alto responsável ser acusado de um crime na Rússia, e desconhece-se o que motivou a decisão de o prender.

A equipa do falecido líder da oposição russa, Alexei Navalny, conduziu investigações anti-corrupção e acusou Ivanov - aliado do ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu - de ter um estilo de vida luxuoso.

Ivanov, de 48 anos, foi alvo de sanções dos Estados Unidos e da União Europeia em 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

A comunicação social russa informou que Ivanov supervisionou parte das construções em Mariupol, cidade portuária ucraniana devastada por bombardeamentos e ocupada pelas forças russas no início da guerra.

O Zvezda, o canal de televisão oficial das Forças Armadas russas, noticiou no verão de 2022 que o Ministério da Defesa estava a construir um quarteirão residencial inteiro em Mariupol e exibiu imagens de Ivanov a inspecionar os locais de construção e os edifícios recentemente erigidos.

Foram poucos os outros responsáveis de alto nível alvo de processos judiciais na Rússia.

Em abril de 2023, a antiga vice-ministra da Cultura Olga Yarilova foi detida e acusada de desviar mais de 200 milhões de rublos (dois milhões de euros).

Yarilova, que ocupou o cargo entre 2018 e 2022, está a ser julgada e enfrenta uma possível pena de prisão de sete anos.

O ex-ministro da Economia Alexei Ulyukayev foi em 2017 condenado a oito anos de prisão por aceitar um suborno de dois milhões de dólares (1,85 milhões de euros) de um dos principais aliados de Putin.

O seu julgamento foi encarado como fazendo parte de lutas internas entre os clãs do Kremlin. Ulyukayev, atualmente com 68 anos, obteve a libertação antecipada da prisão em maio de 2022.

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